terça-feira, 19 de agosto de 2014

Óculos



                Os óculos me incomodavam novamente. Precisar daquela mascara bizarra pra enxergar chegava a ser estressante. Sim, eu odiava aquilo.  Enquanto o ônibus deslizava pela estrada, o tédio ocasionado me fez olhar para todas as direções. Recosto minha cabeça no banco e conformo-me a olhar para o teto, que naquele instante me pareci tão interessante quanto um filme Hollywoodiano, até que vejo pela janela algo que realmente merecia minha atenção. Um céu estrelado de um negro incrivelmente negro e estrelas incrivelmente estrelas. O incômodo retornou e o reflexo nas lentes me fez notar marchas. Retiro o óculos e enquanto o limpo em minha camisa dou mais uma espiada no belo espetáculo noturno. Mas dessa vez o negro da escuridão não me parecia tão negro assim, as estrelas estavam mais turvar e em menor quantidade e o deslumbre que senti ao ver o céu anteriormente não existia mais. Quando voltei a enxergar aquela beleza um suspiro escapou inevitavelmente. E tudo que se passava pela minha cabeça era a pergunta “Quanta vezes deixei de observar o céu por pensar que ele não passava de um borrão?” Talvez eu não odiasse aqueles óculos tanto assim.